domingo, 3 de junho de 2007

Elegia

Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com elas.

Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par: símbolo
Da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas
Essas gravatas
De um mau-gosto tocante
Que nos dão as velhas tias.
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre
A palavra “quincúncio”
Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente pela madrugada na cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
Sem fim...

(Mário Quintana)

Lembrei desse poeminha ontem quando voltava da padaria com uma sacola cheia de coisas cheirosas, dois cachorros me seguiram, quase dava pra ver o aroma entrando no focinho deles. Tadinhos! Dei um biscoito para cada um e ganhei duas abanadas de rabão. :)

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