sexta-feira, 22 de agosto de 2008

No tanque dos sonhos



Lá no fundinho dele, existe uma tampa com uma correntinha. Os elos dessa corrente são pequenas atitudes. Tropeçar nessas pequenas atitudes pode levar uma enxurrada de sonhos ralo abaixo.
(Amanhã vou pintar meu quarto de lilás :D)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Deus cuida né neguinha?!

Foi isso que eu escutei ontem à noite e que me fez desabar em choro, vou explicar melhor.
Desde de pequena sou acostumada com a presença da “Prima” na minha rua, ela é uma senhora que sempre me pareceu ter a mesma idade, antes vinha acompanhada de sua mãe, as duas batiam nas casas pedindo comida ou roupas, sempre foram muito educadas, cativavam pelo jeito doce de falar e pela aparência, duas senhoras gordinhas que não deviam ter mais que 1,30 m de altura, cabelo branco e sorriso largo. Há uns sete anos a mãe da Prima faleceu, depois de um incêndio na casa muito humilde (mas muito mesmo) onde as duas moravam. A Prima ficou sozinha nas ruas por um tempo, depois o pessoal conseguiu um lugarzinho para ela voltar a morar.
Ontem, quinze para a meia noite, quando eu chegava da faculdade encontrei a Prima sentada no chão da área de entrada da padaria, era noite de garoa e uma umidade que fazia parecer que a gente mora em um brejo. Perguntei para ela o que tinha acontecido e ela me explicou que estava deitada nos bancos, do lado de fora do postinho de saúde, aqui da rua, esperando para tirar uma ficha de atendimento para o dia seguinte, quando os alunos do colégio saíram de lá e quiseram roubar os cobertores dela, então ela resolveu dormir ali na padaria.
Me subiu um ódio garganta acima, uma raiva dessa gente que quer parecer legal sendo troxa, eu me indignei, comecei a esbravejar, perguntei se fazia tempo que tinha acontecido, se tinham machucado ela...
Com a mesma calma de sempre e com o mesmo jeito doce ela me disse que eu fosse para casa e não me preocupasse, ela ia ficar bem, afinal: “Deus cuida né neguinha?!”
Como pode ter gente que faz mal para uma pessoa assim?

(Acho que me senti pior por não ter muito o que fazer por ela, queria levar para dentro de casa, mas não tive como, dormir pensando nela ali não foi fácil)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

As justificativas de uma caneca que sonhava ser açucareiro

Para não dormir de cabeça para baixo;
Para ser doce, doce, quase feita de açúcar;
Para não tomar tanto banho de água fria no inverno;
Para não levar um jato de água quente por cima todas as manhãs;
Para não sofrer a tortura da cócega com uma colher remexendo seu interior;
Para ter duas orelhas e assim poder até usar óculo, no caso de uma caneca míope.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tem fralda voando no meu varal



Tem chupeta fervendo no fogão.
Tem roupinhas de um tamanho minúsculo espalhadas pela casa.
Tem tanta gente babando.
Tem um cheirinho, huuum.
Tem chorinho de dengo no ar.
Tem um colorido que só criança traz.
Tem gente nova no meu coração.


(O Joca nasceu dia 06/08/08)