quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mas agora eu quero ser marceneira, ou marciana


Tanto faz, porque com as caixinhas de fruteira, que eu lixei e pintei, eu fiz uma estante e lá em Marte todas as estantes são de caixinha de fruteira.
Pode pintar de colorido. Pode sim! Lá pode ter uma caixinha pintada de verde menta e dourado, igualzinha a que eu pintei para colocar flores no banheiro.
A é, lá a gente coloca flores no banheiro, só para ficar bonito. E usa luzinha de Natal o ano inteiro, porque é bacana parecer que ta nevando com criptonita branca.
Todo marciano tem pelo menos uma caixinha de cacareco, que vai usar um dia, pra fazer um presente bem bonito pra um amigo que merece todo o carinho que a gente sabe dar.
E se usa muita cola, restinho de papel, tesoura sem ponta e tampinha de garrafa. E todo mundo lá tem cheiro de amaciante de roupas, e quando abraça dá uns tapinhas nas costas, e quando revê aquela pessoa abre um sorriso e a torneirinha das lágrimas, mas nem dá pra ver, porque lá em Marte a gente faz curso de ator e finge que espirra quando chora, e finge que corre quando tropeça.


Agora eu tenho uma furadeira, to tão feliz!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

No escurinho do teatro


Quarenta e nove, cinquenta! Lá vou eu! Escondeu, escondeu, quem não escondeu morreu!
Depois disso já se passaram umas três semanas e nem sinal dos meus óculos. Eu quase não preciso, só em dias de muita dor de cabeça ou quando sento lá no fundão na aula.
Ontem eu achei que iria precisar. Show do Vitor Ramil, eu lá longe, entrei no escuro, cadê meus amigos?
Pois não é que naquele fiapo de luz, só sobre o Vitor, um mar de gente escura, de costas pra mim, eu reconheci cada um. A gente guarda no fundinho da memória e no calor do coração o contorno de quem a gente gosta.


(pode continuar escondido)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Levanta, senta, levanta


De longe se vê uma nuvem preta se aproximando, ela é feita de arrogância, falta de educação, pressa, fome, intolerância. Ela tem nervos, pensa rápido e só sabe pintar o rosto das pessoas de cinza, tudo cinza. A gente corre um pouco, ela sussurra, a gente quer ouvir, ela consegue nos alcançar. Perdi a cor, perdi o valor.
Comecei a pintar de cinza, a mim, aos outros, ao meu redor.
Tinha vento, tinha poeira, tinha nojo, tinha um coelho branco dentro de mim.
Quando eu apaguei as luzes uma mágica se fez. A nuvem não gosta de escuridão, não gosta de algo mais forte do que ela. Passou, já passou.
Quanto mais eu suspiro mais eu sei que to abraçando alguém que tinha se perdido.


(não, eu não me droguei, eu não acabei um namoro nem estive presa)



terça-feira, 28 de maio de 2013

Para onde foi?

   Eu escrevi um texto enorme e ele sumiu! Mas foi culpa minha, eu apaguei. E não foi só o de hoje, já mandei pelo ralo do delete muitos outros, sempre me perguntando para quem eu escrevia aquilo? Pensei que tinha criado um personagem de mim. Me deu vergonha, me deu medo, me deu arrependimento. Tudo antes de reler tudinho. Depois da loooonga leitura passou. Porque eu não vi falsidade ali, não achei o personagem.
    Devagarinho eu volto, talvez com mais cautela, ou talvez com menos. Só duas coisas posso garantir que tenho mais: idade e gordura localizada. Rá!