quinta-feira, 24 de abril de 2008

Mudança repentina de humor




Nem me importei com o xampu que acabou no início do banho, aproveitei o frasco vazio para fazer bolhas em um banho que deve, quase por lei (global-capitalista), ser muito rápido. E nem me importou que só deu tempo de fazer três bolhas, uma só já seria ótimo. E nem me importei com o machucado no dedo indicador, que não quer sarar e hoje perdeu o chapéu mais uma vez, muito menos me importei com esmalte roxo descascado na unha do dedão. Nem as risadinhas dirigidas a minha meia-calça azul-turquesa e muito menos com esse sono gordinho, que se pendurou nas minhas pálpebras, desde terça quando comecei a acordar na madrugada para estudar.
Tô de bom-humor, a exposição dos meus dentes estampada em um sorriso que vai de orelha-a-orelha registra isso. Um carinho arranca as rugas da testa e hoje ganhei um presente que foi parar na porta do meu quarto e um bilhete escrito à mão que foi parar no bolsinho da carteira.
Do ato todo o mais bonito são os detalhes. A letra, a dobradura, o papel cortado pela metade, para caber justinho o que as palavras vinham me contar, mas o melhor de tudo era a caixa, a caixa de meia-calça. Quem colocou o presente lá dentro sabe que eu não tenho frescuras. ADOREI!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Em tempos de câmera digital, fiquei sem filme na máquina



Eu tenho memória fotográfica. Para mim é fácil memorizar um gráfico, uma fórmula, um desenho. Já com textos sou uma negação, então sublinho as partes importantes com caneta colorida. Usando o método “xerox psicodélico” consigo decorar (no duplo sentido) algumas coisas. O colorido é bonito, me atrai, me aguça, me faz despertar interesse e me faz lembrar.
Em contradição, com pessoas o clic não funciona desse jeito. Observando alguns perfis de orkut, fotolog’s , blá blá blá, vendo tanta gente bonita clicada por si própria e “photoshopada” no escondidinho – acho que vivemos em uma era narcisista – percebi que minha lente não funciona. Em meio a este despautério de beleza cibernética, notei que fechando os olhos sempre faltava um pedaço.
Ops! Como é mesmo aquele olho?
Ai! Sumiu o nariz!
O-ou! Foi-se a boca!
Droga! Não consigo formar uma imagem completa e do jeito que to lembrando o pessoal ta feio pra caramba!
Eu guardo o jeito que tu mexes no cabelo e desajeitas aquele fiozinho da franja. Eu guardo o barulhinho que sai do nariz quando tu respiras fundo gripado. Eu guardo as palavras, aquelas que me dissestes ou as que escrevestes para mim. Eu guardo o cheiro, uma piscadinha. O jeito que tu amarras o sapato, como esfregas os olhos. Eu guardo as três batidinhas nas costas, acompanhadas de um abraço. Eu guardo o calor do moletom emprestado, a sensação de alívio depois do abraço que eu tanto queria, aquele jeito ranzinza de quem se zangou comigo, aquele sorriso de quem voltou a ser meu amigo...
Não adianta, das pessoas eu só sei guardar o jeito, as imagens não.

domingo, 6 de abril de 2008

Mas


Quem disse que a utopia não é a realidade? Será que essas pequenas verdades que a gente vive não são uma grande mentira? Ah, se eu fechasse as cortinas, digo, os olhos e caísse lá dentro desse mundo de sonhos! E será que eu não caio? Tem certeza que não se pode viver em uma dimensão paralela? Física? Quem conceituou isso? Matéria? Quem disse que somos só isso?
Ai to viajando! Mas esse conceito limitado é pouco para mim, quero muito mais!

(bons sonhos na noite passada, eu sei que eu vivi aquilo)